Eu lamento discordar dos excessos anti-Harold Pinter que andam por essa blogoesfera liberal por causa da sua oposição à invasão do Iraque.
A invasão do Iraque foi um grave atentado ao Direito Internacional (não , não foi porque a ONU não aprovou, mesmo que tivesse sido aprovada isso não mudaria nada) e que estabelece um precedente perigoso no futuro: não existe soberania porque o seu regime tem de estar "aprovado". No inicio falavam até de derrubar o regime na Arábia Saudia e no Egipto. Ainda o pretendem na Siria e Irão. Todas as alegações de Powell na ONU foram "lies and deceptions" assim como muitos comentários de Rice, Cheney, Bush, etc, precisamente aquilo de que Saddam estava acusado. Se mais provas precisavamos que um sistema democrático está tão permeável a fazer guerras erradas como qualquer sistema autoritário...
Coisas como no Blasfémias:
"Os terroristas são bonzinhos. Se eles nos matarem, devemos perdoar-lhes. A culpa é nossa.
«However, terrorist attacks are quite likely, the inevitable result of our Prime Minister's [Tony Blair] contemptible and shameful subservience to America. Apparently a terrorist poison gas attack on the London Underground system was recently prevented.But such an act may indeed take place. Thousands of schoolchildren travel on the Underground every day. If there is a poison gas attack from which they die, the responsibility will rest entirely on the shoulders of our Prime Minister. Needless to say, the Prime Minister does not travel on the Underground himself.»
São uma forma de atribuir ideias por associação, concluindo por excesso e ligeira deturpação, muito ao estilo do ex-comunista, anti-vietnam, born again neocon (como muitos e muitos outros neocons) David Horowitz.
Onde diz Pinter que os terroristas são bonzinhos e que devem ser perdoados? E onde é que se pode negar que o apoio a uma operação sem "Guerra Justa" e repleta de "unintended consequences"...traz consequências...
O problema da Guerra em Democracia reside precisamente na sua suposta àurea de legitimidade porque é decidida por um sistema democrático. A legitimidade em Direito não é referendável. E o problema é que, quando este sistema decide uma Guerra, as partes envolvidas passam a ser toda a população civil. Antes da modernidade, sabia-se que a população estava alheia e de tal forma o estava que até acontecia assistir calmamente aos combates. Hoje, no novo coletivismo democrático, todos passam a ser parte dos conflitos - é a Guerra Total e o terrorismo, como tática que históricamente tende a dar resultados (fundação de Irlanda, Israel, etc), aplica um princípio desumano, mas que já o foi aplicado antes pelas...democracias.
E depois, existem muitos terrorismos - os sunitas contra ocupantes, sunitas contra shiitas, shiitas contra sunitas, sunitas contra kurdos, al qaeda contra todos, etc. No exterior do Iraque, o terrorismo parece ser fomentado pela Al-qaeda, mas esta parece ter maior capacidade de recrutamento após o Iraque e não menos, porque para muitos extremistas esta assume o combate à presença "ocidental" que se faz sentir na zona desde o fim do Império Otomano. Isto faz-me lembrar o problema de se darem razões certas às pessoas mais erradas. Aconteceu com os alemâes e com Hilter que cavalgou o desastre e erros da Grande Guerra.
Portanto, quando uma democracia entre em Guerra, deve ter a maior das precauções quando ao seu "Direito" e às condições objectivas. Não foi o que se passou no caso do Iraque. O caso do "Iraque" é um acaso sério de infecção ideológica à direita e eu concordo com Russel Kirk quando dizia que "ideologia é uma espécie de religião invertida". Pois a ideologia da "democracia, agora" parece ser a única preocupação à direita hoje em dia. O péssimismo e prudência conservadora desvaneceu-se por completo.
Para ler Harold Pinter, recentemente:
Wilfred Owen Award Speech – 18th March 2005
This is a true honour. Wilfred Owen was a great poet. He articulated the tragedy, the horror and indeed the pity – of war – in a way no other poet has. Yet we have learnt nothing. Nearly 100 years after his death the world has become more savage, more brutal, more pitiless.
But the "free world" we are told (as embodied in the United States and Great Britain) is different to the rest of the world since our actions are dictated and sanctioned by a moral authority and a moral passion condoned by someone called God. Some people may find this difficult to comprehend but Osama Bin Laden finds it easy.
What would Wilfred Owen make of the invasion of Iraq? A bandit act, an act of blatant state terrorism, demonstrating absolute contempt for the concept of International Law. An arbitrary military action inspired by a series of lies upon lies and gross manipulation of the media and therefore of the public. An act intended to consolidate American military and economic control of the Middle East masquerading – as a last resort (all other justifications having failed to justify themselves) – as liberation. A formidable assertion of military force responsible for the death and mutilation of thousands upon thousands of innocent people.
An independent and totally objective account of the Iraqi civilian dead in the medical magazine The Lancet estimates that the figure approaches 100,000. But neither the US or the UK bother to count the Iraqi dead. As General Tommy Franks (US Central Command) memorably said: "We don't do body counts."
We have brought torture, cluster bombs, depleted uranium, innumerable acts of random murder, misery and degradation to the Iraqi people and call it "bringing freedom and democracy to the Middle East." But, as we all know, we have not been welcomed with the predicted flowers. What we have unleashed is a ferocious and unremitting resistance, mayhem and chaos.
You may say at this point: what about the Iraqi elections? Well President Bush himself answered this question only the other day when he said "We cannot accept that there can be free democratic elections in a country under foreign military occupation."
I had to read that statement twice before I realised that he was talking about Lebanon and Syria.
What do Bush and Blair actually see when they look at themselves in the mirror? I believe Wilfred Owen would share our contempt, our revulsion, our nausea and our shame at both the language and the actions of the American and British governments."
PS: Bush falou de Total Victory esta semana? Que significa isso? (na Primeira significou a destruição de um mundo mais civilizado e livre que aquilo que se seguiu, na Segunda a vitória do Comunismo).
PS2 (actual.): Here we go again. Agora a Siria é uma ameaça ao mundo? E que interesse teria a Siria em destabilizar o Iraque mais do que ele próprio já o faz a si próprio? E porque iria enfrentar os US? Alguém deseja ver a Siria tão democrática e livre como...o Iraque? Bom , Bin Laden.
Israel says Syria regime change in world's interest. Israeli Foreign Minister Silvan Shalom said Friday it was in the world's interest to have a regime change in Syria, which he accused of being "up to its neck" in terror. "Our interest is to tell the world that Syria is implicated up to its neck in terrorism, a terrorism that is directed not just against Israel but against coalition forces in Iraq," he told public radio.
"And this is why it is in the interest of the entire world that there is another state in Syria, one that is freer and more democratic," said Shalom.
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