quinta-feira, 23 de outubro de 2003

Propriedade Intelectual

O interessante da discussão sobre a validade na propriedade intelectual é que vai directo à questão de porque somos liberais.

Cada um terá a sua resposta, a minha é porque acredito na propriedade privada como o único direito universal, a que todo o ser humano tem direito, e do qual emanam todos os outros, por exemplo, a liberdade de expressão (não temos o direito positivo a expressar-nos na propriedade dos outros, temos a liberdade inalienável de nos expressarmos na nossa propriedade ou estabelecer contratos voluntários para nos expressarmos na propriedade dos outros - jornais, fóruns, conferências, etc.).

Na propriedade intelectual, acontece algo engraçado. A esquerda e a direita social-democrata que põe em causa de todas as formas, do carácter absoluta do direito à propriedade privada - porque este deve submeter-se aos "interesses colectivos" (seja lá o que isso for), torna-se especialmente acérrima na defesa da propriedade intelectual.

Ora à propriedade intelectual falta-lhe algumas características da propriedade:

- não tem fronteira visível
- não é escassa (uma ideia após criada não se "gasta" pelo seu uso) nem pressupõe a exclusão (o seu uso por um não condiciona o uso por outro).
- pelo contrário, a propriedade intelectual para ser aplicada, necessita da existência de um Estado, que apenas pela força, pode tornar essa "ideia" escassa ao uso por terceiros (a sua escassez é assim artificial).

Ainda por cima, só com um Estado Mundial pode verdadeiramente existir, porque nada obriga ( a não ser a ameaça do uso da força pelo tal "proto-governo mundial") a que um Estado terceiro se disponha a aplicar leis sobre s propriedade intelectual. Na propriedade física, quando esta é violada, o seu dono tem provas reais e opõe-se à sua violação construindo cercas, protecções, cofres, etc. Na propriedade intelectual, um indivíduo sem o saber pode estar a violar a suposta propriedade intelectual de um desconhecido.

Ora, este conceito de que se pode cometer um crime (no sentido da violação da propriedade de alguém) sem o poder saber levanta em si muitas dúvidas, pelo menos no âmbito da filosofia direito natural.

Fica aqui um texto simples sobre o assunto de Roderick Long: "Thoughtcrime"

I’ve argued against intellectual property elsewhere. But here’s a short and sweet version of the argument:

Suppose I compose a poem and recite it to you. As a result, you learn the poem by heart. In effect, there is now a copy of the poem stored in your brain.

Who owns that copy?

The only answer must be: you do. You own yourself; you own your brain and the contents of your brain. If I owned the copy in your brain, then I would be a part owner of your brain, which would make you a partial slave – which is morally untenable.

Now in addition to owning your brain and the poem stored within, you also own, let’s suppose, a pen and some paper. You use your pen to transcribe onto the paper the poem that’s stored in your head. Now there are two copies of my poem in your possession: one in your brain and one on the paper. Who owns the second copy?

Once again, you do. You produced that second copy using nothing but factors that you owned: your paper, your pen, and your brain (with your neuron-encoded first copy of my poem). That second copy is yours – to keep, to burn, or to transfer.

Yes, to transfer. If you give or sell your copy to someone else, or if you use your copy to make a new copy to give or sell to someone else, or if you allow others to use your copy to make new copies, you are making a peaceful use of your own property. You are violating no rights.

“But,” I protest, “that’s my poem you’re selling!”

No, it isn’t. You’re not selling any concrete copies of the poem that are in my possession – I still own those and can control access to them as I please. Nor are you selling the abstract object of which all these copies are instances. You can’t sell an abstract object. Abstract objects can’t be transferred. They are not scarce resources; one person does not lose access to the abstract object just because someone else has gained access. All you’re selling is your copies of the poem. Which is your perfect right. They’re yours to do with as you please.

“But,” I protest once more, “I created that abstract object. That makes it my property!”

Well, what does it mean to own an abstract object? One thing it might mean is that I own all the instances of that abstract object. In which case I’m engaged in fraud if I claim to be selling copies of my work; if I still claim copyright in them, then I’m claiming to own the copies and so I’ve never really sold them.

But if owning an abstract object means owning all the instances, then it means my owning the copy of my poem in your brain. In that case, intellectual property is a form of slavery. If slavery is illegitimate, then so is intellectual property.

On the other hand, if owning an abstract object doesn’t mean owning its instances, then what does it mean? In selling your concrete copies of my poem, you don’t interfere in any way with my access to the abstract object. So what “ownership” of mine are you infringing?

Either intellectual property means slavery, or it means nothing at all.

Écrasez l’infâme.

September 15, 2003

Roderick T. Long is Associate Professor of Philosophy at Auburn University; President of the Molinari Institute; Editor of the Libertarian Nation Foundation newsletter Formulations; and an Adjunct Scholar of the Ludwig von Mises Institute. He received his Ph.D. from Cornell in 1992. His last book was Reason and Value: Aristotle versus Rand; his next book will be Wittgenstein, Austrian Economics, and the Logic of Action. He maintains a blog on his website, Praxeology.net.

Sem comentários:

Enviar um comentário