quarta-feira, 22 de outubro de 2003

O Muro

Hoje, a ingerência de todos nos conflitos de todos tornou-se a regra universal.

E até os americanos que tradicionalmente gostam de lembrar a regra de boa educação mas também importante no contexto do princípio da liberdade e responsabilidade individual do "mind your own business", começam já a ser poucos.

O conflito entre Israel e palestinianos é em primeiro lugar um conflito territorial (muitos pretendem transformá-lo em conflito civilizacional, religiosos, entre o mundo democrático e o outro, bem e mal, etc., mas esses são os oportunistas do momento em ambos os lados) que só o tempo resolverá.

Mas esse tempo necessário será tanto maior quanto mais terceiros decidirem intervir com a boa intenção de o encurtar.

O Muro que Israel resolveu construir é uma decisão sua, um acto de defesa passivo, que poderá reduzir a violência produzida por ambos os lados. É imensamente mais eficaz que os constantes actos de mútua retaliação e no caso Israelita como ocupantes militares, produzindo imagens que a mim, pessoalmente, recordam (salvaguardando as devidas diferenças) os do infame Gueto de Varsóvia.

Também as restrições à cidadania israelita recentemente postas em prática, são as possíveis - Israel é um "Estado Judaico" - e até os seus habituais defensores parecem esquecer-se disso. A manutenção da homogeneidade cultural duma Nação é uma condição necessária à soberania dos povos - facto habitualmente esquecido pelos "global democrats" (estranhamente, muitos deles tomam a defesa de Israel como se israelitas tratassem, apesar de no cerne dos seus princípios estar a "livre imigração" e o "globalismo político" multi-étnico). E quanto mais adversa e difícil são as condições de defesa dessa soberania ainda mais é verdade essa proposição.

Nem os EUA, nem a EU, nem a ONU deviam meter-se no assunto.

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