sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Eleições no Iraque e o resto

Deve ser celebrado? Porque não? Mas como sabemos valer a pena, principalmente para os próprios americanos, tendo em conta:

1. Ausência de "Guerra Justa" / Direito Internacional
2. Custo que se aproxima dos 500 biliões de Usd
3. Fragilidade demonstrada no campo de inteligência, processo político, fragilidade com a concentração de tropas e recursos militares no Iraque.
4. Soldados e população civil morta e ferida no acto de guerra e nas consequências posteriores (terrorismo fundamentalista e insurgência nacionalista).
5. Destruição de infra-estrutura, produção petrolifera afectada, filas para gasolina no Iraque.
6. Fim de um regime secular substituido por um cde rescente islamismo, tensões de guerra civil e separatismo entre Shiitas, Sunitas e Kurdos.
7. Destruição da única estrutura militar que oferecia alguma rivalidade ao Irão.
8. Influência do Irão crescente e com possibilidade de crescer ainda mais em caso de guerra civil bou separatismo (o Irão ajudou os Kurdos contra Saddam, razão pelo qual estes foram "esmagados", tal como os shiitas ao Sul, após o Golfo I).
9. O efeito "democrático" no Iraque no Egipto parece ter conseguido aumentar a influência fundamentalista (e onde o poder estabelecido se defende com fraudes, etc) e no Irão um Presidente secular bem pior que o teocráticos.
10. A possibilidade real de escalamento de situação de guerra, envolvendo Irão, Siria, EUA no Iraque, Israel, etc.

A esquerda pelo seu lado devia reconhecer a bondade da proposta idealista americana, retirar um ditador, reconstruir a infra-estrutura, formar um sistema político, forças de segurança e militar, etc. A questão formal do Direito Internacional ou do princípio da Soberania do Estado-Nação diz respeito mais a não-internacionalistas. E a verdade é que mesmo que a ONU tivesse autorizado a invasão, para quem dá mesmo importância ao conceito de Direito Internacional, teria de continuaria (como eu) a achar que a ONU não pode declarar por cima do "Direito".


Quanto à direita, deve ter mais cuidado com aquilo que defende. Hoje investiga-se pela ONU a morte de um político no Libano, ontem deveria ter a ONU intrometer-se no assassinio de Kennedy, ou quem sabe na morte de Sá Carneiro? Quando nos envolvemos em processos que diluem o conceito de soberania estamos a comprar problemas de soberania algures no futuro. As Nações morrem como nascem, de repente um evento deita por terra um Status-Quo, quem sabe o nosso Status Quo.

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