sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Flirt com Marx

Diz João Galamba num flirt com Marx : "Marx says that the myth of some ancient, originary appropriation that is the innocent basis of inequality under capitalism “plays approximately the same role in political economy as original sin does in theology,” namely it obscures the aggressive political activity that initiates and constantly sustains all social inequality"

"...E acho que isto nao me compromete com devaneios revolucionarios nem com a abolicao da propriedade privada. Aqui defendo a sabedoria classica: a virtude situa-se necessariamente entre dois extremos."

1. Onde é que a ausência de propriedade poderia evitar a desigualdade social? As únicas sociedades mais ou menos niveladas são aquelas que se mantiveram na idade da pedra. E ainda assim essas têm conceitos hierárquicos internos bem definidos (chefe da tribo, a relação com as mulheres, etc).

2. A alegada desigualdade social que advém da propriedade deve ser atribuida a uns ficarem mais ricos ficando os outros menos pobres (ou seja, mais ricos).

3. O pecado original é a nossa condição de seres imperfeitos e pecadores mas capazes de procurar a perfeição e santidade. Em nada, a "propriedade" retira capacidade de agir moralmente, pelo contrário, é uma condição necessária.

4. Não existe meio termo nem extremo na "propriedade", por quem a não deseja só tem de a oferecer, deixar de invejar quem a tem, ou em alternativa adquirir propriedade para dentro dela declarar a sua ausência (os mosteiros a quem a civilização deve muito faziam-no, mas por outro trocavam bens com o exterior) ou meio termo.

5. Claro que se for um meio termo, João Galamba nunca teria a soberania suficiente (porque nunca seria mesmo proprietário mas apenas semi-proprietário) para declarar a sua ausência na sua propriedade (ou um qualquer meio termo), portanto estamos perante um Paradoxo, mas verdade seja dita, só ficaria bem ao João Galamba viver num Paradoxo.

6. A única possibilidade moral de existir ausência de propriedade ou um meio termo, é a pessoa abdicar voluntáriamente ao seu direito de apropriação, se bem que mais uma vez, não o pode impôr aos restantes e assim, se o quiser praticar terá de conseguir honestamente a sua propriedade (porque adquirir propriedade honestamente por troca ou apropriação original assegura que o faz em total cooperação com o resto da humanidade) para fazer o que quiser dentro dela... lá está...um Paradoxo.

7. Por vezes escapa a muitos que foi o capitalismo que tornou real e produtiva a possibilidade de "propriedade colectiva" e "democracia participativa" sem a violação de qualquer direito: as empresas, associações e condomínios são comunidades de pessoas. E o "Capital" então, é o mais igualitarista possível, quando acções são compradas (ou realizadas) ninguém pergunta se quem o faz é homem, mulher, preto, judeu, árabe, estrangeiro, ou o que quer que seja. Mas às vezes os Estados perguntam...

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