O que faz João Pereira Coutinho escrever sobre Edmund Burke numa edição da Nova Cidadania sobre NeoConservadores?
Burke era Conservador e falou contra os ventos de transformação do mundo vindos da Revolução Francesa e o Jacobinismo.
Os NeoConservadores são sociais-democratas que se dizem Conservadores, muitos vindos da extrema-esquerda (Irving Kristol, James Burhman e muitos, muitos outros), proclamam a transformação do mundo, aplicando uma estratégia de fusão entre a esquerda e a (nova) direita Revolucionária, Militarista e Jacobina (o espírito de Napoleão vive!) para impor uma visão internacionalista do "fim da história” por meios violentos. "Destruição criativa", Revolução permanente", "Império benevolente" são alguns dos motes lançados pelos seus mais brilhantes intelectuais.
Quando menos se espera, o maior ataque ao Estado Nação vem duma nova espécie política: a do centrismo radical que se inspira à esquerda (a revolução e o internacionalismo) e à direita (a segurança e o militarismo). Afinal Blair já declarou que é favor do uso da força militar para acabar com todos os “maus” regimes. Não só ganhamos os ataques preventivos como os ataques ideológicos apimentados com o hiper-moralismo democrático. Não chega a defesa, é preciso atacar, operar a mudança. O pensamento e a prudência Conservadora foram simplesmente tomados de assalto.
Até enviaram como seu emissário o ex-leftie NeoCon Michael Novak ao Vaticano para tentar que o Papa repudiasse a doutrina da Guerra Justa a favor do ataque preventivo (preventivo de coisa nenhuma, estamos nós a descobrir agora).
Falta saber quem são os maus regimes e quem o vai decidir. Serão as autocracias do médio oriente? O Irão? Os paraísos fiscais? Seria Pinochet, Palhevi no Irão, o antigo regime na Indonésia e Filipinas, seria Portugal antes do 25 de Abril? Será o Vaticano, que é um Estado não democrático? O Liechenstein que decidiu conceder ao seu Príncipe poderes (horror e consternação!) absolutos?
Será preferível esperar que as próprias elites e populações cuidem do seu regime e assumam uma responsabilidade que só aos próprios diz respeito, operem uma mudança serena ou, pelo menos, a possível, das suas idiossincracias, ou que bombardeamentos e baionetas de um qualquer "Global State" e a sua “Nova Ordem Mundial” apressem a história?
O que diria Burke? O que devem os Conservadores pensar sobre o assunto? Uma coisa eu sei. O sentimento Conservador e a "fatal attraction" pela truculência libertadora ("liberation, liberation"!) são incompatíveis. Mas o "minding our own business" está fora de moda e eu provavelmente também o estou. O ser “ex-everything and neo-everything” de Irving Kristol é que está a dar.
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