quarta-feira, 30 de julho de 2003

A Primeira Guerra Mundial

Bom, é verdade. Confesso. Como “conservative-libertarian”, acho o mundo pré Grande Guerra muito mais civilizado e liberal que o actual. O grande Estado centralista, socialista e progressista foi construído precisamente nas cinzas desta catástrofe. As monarquias europeias eram muito mais descentralizadas do que a nossa realidade actual e foi um desastre o seu desaparecimento. Enquanto subsistiram, formavam um elemento de resistência (um anti-corpo social) ao comunismo e socialismo.

Falando de Hayek, é melhor recordar os presentes que este serviu no exército do Império Austro-Húngaro e, portanto, combateu os “aliados”. E quanto aos “aliados”, foram “aliados” de quem? A Rússia achou por bem proteger a Sérvia das alegações de terrorismo por parte dos Austríacos. A Alemanha, aliada da Áustria (se bem que uma dezena de anos antes, a Áustria tinha estado em guerra com a Prússia), declarou Guerra à Rússia e a França começou a mobilizar.

Assim, a Grande Guerra foi um conflito entre Impérios Europeus e teriam sido evitado os grandes males que provocou, precisamente se cada um se tivesse metido na sua vida (esta mania das alianças...), principalmente Woodrow Wilson, que era marcadamente anti-monárquico e Democrata (esquerda americana).

Quanto à monarquia da Prússia que tinha sido derrotada por Napoleão (contínuo com a minha, de que os intelectuais NeoCons têm uma admiração secreta por este grande lutador contra a Velha Ordem na Europa e no Médio Oriente) e o Czar: uma coisa é procurar explicações distantes no tempo, outra coisa é não reconhecer as causa mais directas: a Áustria, por causa da sua “guerra preventiva”, perdeu 75% do território tendo sido criados Estados artificiais em abundância (tendo nós podido assistir ao fim do “nation-building” Wilsoniano na Jugoslávia e Checo-Eslováquia). A Alemanha esteve 8 meses sob bloqueio económico e alimentar, (sempre o método preferido das democracias liberais anglo-saxónicas) já depois do armistício, sendo forçada a assinar aquilo que o Congresso Americano recusou 2 vezes ao seu Presidente: o tratado de Versailles e a Liga das Nações.

A monarquia Russa podia ter os seus problemas, mas devemos nós celebrar a sua queda e o assassínio da família real? Talvez, tendo sido evitada a “aliança” da Rússia com a Sérvia, ou, em sequência, tivessem todas as outras “alianças” sido evitadas, poderia a monarquia ter sobrevivido, fazendo do comunismo apenas uma escaramuça momentânea.

Quanto à Alemanha e Japão: ambos eram países bastantes avançados e civilizados. Por exemplo, o Japão era aliado da Inglaterra; afinal, ambos eram Impérios com interesses na China. A Alemanha era constituída por vários Principados, Feudos e Cidades-Estado.

Não estou a ver como um Liberal Hayekiano pode acreditar que sendo o Estado incompetente para gerir a escola pública local poderá ser competente para reconstruir socialmente nações com séculos de história depois de as destruir totalmente.

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