quinta-feira, 31 de julho de 2003
Re: Protestantes e Católicos
Os escolásticos que mostraram uma "abertura crescente ao juro" eram, de facto, do séc. XVI (tardio), não do séc. XV, e, portanto dificilmente anteriores ou sequer contemporâneos do início da Reforma (era o caso de Luis de Molina) - mas há que dizer que essa parte muito pequena da Escolástica não fez escola no catolicismo e manteve-se praticamente desconhecida durante séculos, pelo que os méritos da Igreja Católica no assunto são, no mínimo, altamente duvidosos... (Já numa troca de impressões mantida há um ano sobre este assunto, eu defendi o meu ponto de vista de que o que ajudou estes poucos escolásticos sobre os problemas do juro e do valor, tal como depois Menger, foi a lógica aristotélica e não qualquer ligação ao catolicismo) Depois, bem ou mal - e sem termos de aderir ao esquematismo da tese weberiana -, o facto é que foi em países de predominância protestante que o mercado financeiro floresceu nos sécs. XVII e XVIII (Países Baixos e Grã-Bretanha), o que parece querer dizer que o protestantismo, podendo não ter sido a causa, também não foi uma barreira...! Finalmente, gostei do reconhecimento que AAA fez de que as encíclicas podem errar: mas a doutrina católica, que proclama a infalibilidade do Papa, dificilmente está de acordo com essa constatação tão "protestante"! Lutero não é importante para os protestantes como profeta (que não foi) ou anunciador da "nova interpretação verdadeira" da Bíblia: ele é importante por ter negado que alguém, sob Deus, possa reclamar uma tal autoridade de magistério. E é por isso que AAA, ao concluir o que concluiu, é muito mais "luterano" do que imagina...
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