quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Falácias na sua gloriosa pretensão

Estas pessoas acham mesmo que quando uma produção se torna mais barata em qualquer outro sítio, isso resulta num jogo de soma nula. Uns ganham, os outros perdem.

De facto, por esta altura, o comércio internacional já devia ter provocado o desaparecimento da espécie.

Mas quando algo se torna mais barato, tal representa um acréscimo de rendimento pela poupança verificada relativamente à situação anterior.

É esse rendimento disponível adicional (pela baixa de preços) que vai permitir o consumo adicional de um novo produto ou serviço. E quem vai produzir esse novo produto ou serviço? Os recursos (mão de obra, etc) entretanto libertados pela deslocação da produção anterior.

São textos como este aqui abaixo que não só dificultam o progresso, como tendem a dificultar, com mais teorias sobre a validade da intervenção compulsória sobre o estabelecimento de contratos voluntários de trabalho, a rapidez com que a mão de obra libertada num determinado evento seja rápidamente absorvida
È que quem provoca o alongamento de um "longo prazo" são eles próprios.

Além disso, é implicitamente egoista, nacionalista e quem sabe inconscientemente racista. Então, vão ser uma cambada de chineses mais pobres que os nossos pobres a conseguirem um emprego tipo à nossa custa?

Depois, a culpa é que aos pobres salários que recebem não lhes seja cobrado mais 34% para esquemas compulsórios de segurança social.

Luísa Bessa, "A globalização vista de Davos".

"(...) E o resultado é um cepticismo crescente entre a opinião pública ocidental quanto às virtudes do comércio livre e o aumento da pressão para a reintrodução de barreiras comerciais.

Que tem surtido efeito. Esta semana, seis senadores norte-americanos apresentaram uma proposta de lei para impedir as importações de vestuário e outros bens produzidos em fábricas que não respeitem os direitos sociais dos trabalhadores. Que se seguem às restrições à entrada de têxteis chineses, aplicadas tanto pelos Estados Unidos como pela União Europeia. Ou às medidas anti-dumping impostas pela UE ao calçado de couro proveniente da China e do Vietname. E ao impasse nas negociações para o aprofundamento da liberalização, no âmbito da Organização Mundial do Comércio.

Que os poderosos do mundo reunidos em Davos tenham consciência do problema é um bom sinal. Porque, se o mundo precisa da globalização, torna-se evidente que precisa igualmente de medidas que apoiem os que, conjunturalmente, saem prejudicados. E já não basta o discurso das vantagens enquanto consumidores, porque não há descidas de preços de bens e serviços que valham a quem fica sem rendimento.

Nem o discurso dos benefícios do longo prazo porque, no longo prazo, estaremos todos mortos."

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