É sempre bonito ver o responsável por uma guerra a visitar o campo de batalha e estar com as tropas que fazem aquilo que o seu Estado lhes pede.
Se existe coisa que distingue os Estados modernos foi a forma como aos poucos, as chefias, o líder, se foi afastando do campo de batalha. No inicio, a tribo era liderada pelo guerreiro, e assim foi evoluindo com os nobres locais a liderarem a defesa e expansão do seu território, cuidando da sua população, aplicando a justiça, etc.
A sua legitimidade, estabilidade, perpetuação, era tanto maior quanto mais a "natural law" era respeitada, de contrário desaparecia de uma forma ou outra, ou substituído (=morto) pelos próprios familiares, rivais ou até pela população.
À medida que o Estado se foi centralizando, e em especial no Estado moderno, os fazedores de guerras passaram a combater cada vez menos por motivos territoriais e cada vez mais por razões ideológicas e isso coincidiu com o afastamento das batalhas dos "lideres".
Falo, claro do políticos, democráticos ou não. E por isso mesmo, as guerras modernas tornaram-se cada vez mais mortais, mais totais, sem distinção entre guerreiros e civis. Hoje, a tecnologia permitiu minimizar vidas de civis, mas ainda assim no Afeganistão e Iraque terão morrido milhares de civis em número maior do que a totalidade dos atentados terroristas, a que temos de juntar a destruição do património e da sua estrutura social.
Quando queremos combater um monstro, temos de ter cuidado para não nos transformarmos num monstro. Se ainda os resultados fossem ou vierem a ser os esperados pelos planeadores...o problema é que querer levar o bem a povos inteiros, milhões de pessoas, arrasta consigo enormes complicações, eventos inesperados, consequências visíveis apenas em décadas.
Mesmo para quem acha que vale a pena, um estado permanente de pessimismo e sem moralismos ideológicos serviria para evitar pelo menos, erros maiores.
Mas a prova que o espírito das guerras totais feitas a partir dos sofás (sofas warriors) ainda persiste é o plano para a construção de mini-WMD pelo Pentágono para as quais muitos vislumbram a possibilidade do uso "preventivo" e já apontaram até locais candidatos a alvos (antes já "eles" agora do que a remota possibilidade de "nós" no futuro).
Mas por mim, as batalhas devem lideradas no terreno por quem as quer fazer, isso era bem mais civilizado, e se uma coisa é certa é que os idealistas gostam de idealizar enquanto outros fazem o que a Nação lhes pede. A este últimos, a minha homenagem.
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