Pacifismo e inconstância argumentativa
O pacifismo tem mau nome por causa de uma certa esquerda, mas eu, não sendo pacifista, reconheço como válido muito do seu raciocínio (não irei aqui desenvolver o tema, talvez mais tarde). O genuíno pacifismo vem de Leo Tolstoi e de outros autores no início do século que pressentiram o caminho que os Impérios Europeus estavam a traçar e que acabou no desastre da Grande Guerra - e não tiveram razão?
O pacifismo oportunista veio da Guerra Fria que procurava justificar o "império do mal". Hoje, no entanto, também existe o guerreiro oportunista que tudo vê justificado para a construção à la Napoleão do "império do bem".
Entre todos, o bom senso está na prudência conservadora quanto a por outros motivos que não o estrito interesse nacional e em empenhar as suas forças militares a não ser em caso de objectivos claros, a aversão a impulsos ideológicos e a tomar parte em conflitos locais de difícil resolução, aliado à compreensão que a maior força de paz entre culturas é um efectivo (e desregulamentado) comércio livre, e o instinto cristão de que a violência gera violência e portanto só deve ter lugar numa leitura rigorosa de "Guerra Justa".
Ora, uma coisa é clara, nada disso foi tido em conta e em algo Pedro Lomba tem razão: esta política internacional é efectivamente uma politica de esquerda de típica "inconstância argumentativa" - e talvez por isso mesmo, já se tenham ouvido ecos desaprovadores de Margaret Tatcher e até preocupações realistas de Donald Rumsfeld.
A batalha ideológica com os neocons está a aquecer e Bush para já, está refém destes e se estes pressentirem alguma reviravolta nas expectativas para as presidenciais, vão poder observar como rapidamente estes escolhem outro veiculo à esquerda para implementarem a sua politica de "império da liberdade", não fossem Woodrow Wilson e Roosevelt parte das suas grandes referências - dois esquerdistas progressistas que introduziram a social democracia nos US e aumentaram para além da sua Constituição, o poder executivo do Estado Federal, e que foram mais do que meros participantes arrastados pelos acontecimentos de duas guerras mundiais que destruiram o legado civilizacional europeu que dominava culturalmente o mundo substituido pelo poder comunista soviético e chinês por mais 50 anos e o crescimento do big state social-democrata no resto do mundo.
Guerra e Estatismo andam sempre de mãos dadas e são sempre consequência uma da outra.
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