quinta-feira, 20 de novembro de 2003

Nunca nos vamos entender?

O atentado na Turquia diz-nos o quê?

Uns, a prova de que tudo é preciso, incluindo mudar regimes "abroad" e "exportar" a democracia, suportando o que for preciso "at home", incluindo perdas de direitos civis e custos financeiros e em vidas, para implementar a estratégia certa para acabar com o terrorismo.

Outros, de que, para combater e conter o terrorismo, é preciso não misturar idealismos morais intervencionistas com conflitos territoriais e actos terroristas de grupos fanáticos com regimes, com o custo de disseminar o que antes estava mais localizado.

Os primeiros evocam as alianças e os acontecimentos da Grande Guerra e Segunda Grande Guerra como exemplo de necessidade de prevenir e agir.

Os segundos, evocam as alianças (por exemplo, da Russia e França) da Grande Guerra e acto preventivo da Aústria no combate ao terrorismo da Sérvia, como a causa do desencadear da lógica da guerra total agravada pelo idealismo de Woodrow Wilson que conduz ao desabar do equilibrio civilizacional europeu e das sua colónias no resto do mundo, que nos leva à Segunda Grande Guerra e a "unintended consequence" da vitória do bloco comunista um pouco por todo o mundo.

Uns, de que prevenir activamente é legítimo (no direito criminal não o é) e contém ameaças futuras.

Os outros de que prevenir activamente pode desencadear acontecimentos até ao ponto de se perder o controlo do que se queria prevenir ou confrontar-se com outros inesperados.

Pessoalmente, e como Liberal, quantas mais acções se propõe o Estado a tomar que não caibam no mal menor de intervir para defender a soberania territorial, conduzem, independentemente das intenções, a erros de julgamento, de aplicação, de ineficácia, a "unintended consequences", de ficar refém a intrigas de grupos de pressão internos e externos, que tendem a ser corrigidos por ainda um maior nivel de intervencionismo até...

E como nota final: acreditam mesmo que se o extremismo fundamentalista ou mesmo apenas os descontentes moderados, no Médio Oriente, Egipto, Turquia, Afeganistão, etc, continuar a subir, que nessas nações se resolverá o seu crescente problema de estabilidade e segurança interna com democracia e direitos civis "ocidentais" impostos à pressa e por ingerência externa?

Não há dúvida que Woodrow Wilson parece ter regressado para mais um desastre civilizacional algures num futuro próximo.

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