Concordo com AAA que, dentro da conjuntura, a política de Manuela Ferreira Leite é o menos mau que podemos ter. Também gostei das declarações do PM Durão Barroso, que disse que, com ou sem Pacto de Estabilidade, o rigor orçamental é um objectivo próprio do governo português.
Contraste-se isto com a opinião demagógica de Mário Soares hoje publicada, segundo a qual o voto português contra as sanções da Comissão ao eixo despesista franco-alemão evidenciam o despropósito da actuais opções financeiras do governo português. É verdade que eu não compreendo o voto de Portugal a favor dos governos francês e alemão (alguma "razão de Estado" que não atinjo, provavelmente...), mas é preciso ser-se completamente ignorante em matéria económica para se pensar que o orçamento poderia voltar ao estado em que o actual governo o encontrou (aliás, o próprio Soares sempre reconheceu a sua proverbial ignorância económica, facto que se tornou ainda mais preocupante quando o próprio veio dizer que as "explicações" televisivas da luminária Perez Metelo o tinham ajudado a perceber a mecânica da economia!).
Quanto ao futuro do Pacto de Estabilidade e do euro, o que está a acontecer é muito preocupante, mas absolutamente previsível. Tudo começou quando os Franceses, ainda antes da união monetária, já ousavam falar na necessidade de critérios "democráticos" que temperassem as directivas do B.C.E.; depois, há cerca de um ano, foi Prodi que disse que o Pacto era estúpido e que era necessário flexibilizá-lo. O que virá a seguir não pode surpreender ninguém que conheça a história dos bancos centrais... Porque conhecia bem essa história, em 1989 o Dr. Pedro Arroja, talvez a única voz que entre nós se ergueu com saber e critério contra a ideia da união monetária europeia, previu o que está a acontecer (e previu desfechos ainda mais preocupantes...); talvez seja a altura de o reler.
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