No Público, em A Outra Guerra do Afeganistão, associa-se o ópio ao terrorismo. Mas é bom termos em conta que:
- Os Taliban eram contra o produção de ópio tendo sido bem sucedidos no seu controlo, tal foi mesmo reconhecido pela administração americana na altura pelo o qual receberam mesmo ajuda financeira (até uns meses antes do 11/9). Ver esta posta.
- Foram os Taliban que acabaram com a situação de guerra civil e corrupção generalizada (parte fomentada pela Aliança do Norte composta por parte de antigos apoiantes dos soviéticos).
Agora, não estou aqui a fazer a sua defesa, mas as acções de intervenção não devem ser julgadas unicamente pelas intenções mas também (para não dizer sobretudo) pelos seus efeitos: a mudança de regime induzida com o objectivo de instalar uma qualquer democracia liberal (ou islâmica) num país tribal tem consequências - talvez (ou mesmo a certeza) agora os próprios Talibans para financiar a sua oposição a um poder apenas sustentado pela ocupação de potências estrangeiras (com a melhor das intenções), recorram a tal.
Mas que alternativas existiam? A apresentação das provas ao regime, um ataque mais paciente e certeiro a Bin Laden (que era um herói na luta contra os Soviéticos, portanto era de assumir uma reacção inicial às exigências quanto à sua perseguição e entrega imediata) com operações especiais, talvez comprando (com os dólars gastos desde então) a boa vontade dos Taliban quanto a esse objectivo. O que tivemos: a morte de tantos ou mais vítimas inocentes no Afeganistão do que no 11/9, um conflito interminável fora de Kabul, o envolvimento da Nato em mais uma região do globo, um poder estabelecido com pés de barro no meio de uma cultura tribal, o mundo muçulmano com mais um foco de alimentação do extremismo islâmico.
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