terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

Re: Have the Neocons Killed a Presidency?

Neste momento, neste assunto, tal parece ser completamente irrelevante. Os que apoiaram defendem que o direito internacional e a soberania não existem perante países não democráticos. Isso incluirá os países do médio oriente que realmente funcionam: as suas monarquias absolutas?

Ainda pior é quererem justificar uma invasão e mudança de regime por causa das resoluções da ONU e fazer a invasão contra a vontade da ONU.

Portanto, deverão as resoluções da ONU ser impostas pela força (por exemplo as sobre Israel)? Quem controla depois as decisões desse iluminado “colégio” com capacidade de impor pela força as suas resoluções (espero que nunca tal aconteça)?

Se assim fosse, os EUA não tinham invadido o Iraque porque esse mesmo orgão não era favorável a tal! Não é uma contradição? E ainda por cima poderia ter de declarar guerra aos EUA para cumprir a sua resolução contra a invasão!

Quanto à eficácia da ingerência externa extrema que é uma invasão e deposição de regimes:

Faz parte da responsabilidade dos povos cuidar dos seus regimes. Já repararam que o império do mal soviético caiu desabando essencialmente por dentro, e que depois curiosamente, não existiu um espírito de vingança e de purgas interno?

Isso não diz algo sobre a Estupidez que teria sido se um confronto directo com a União Soviética (mesmo que tal fosse possível sem dar lugar a um cataclismo nuclear na tipica visão de que "better all dead than some people red"?) tivesse dado lugar para "libertar" os Russos? O que se observou de forma pacífica foi ao desmembrar do império e a independência de um sem número de países. Nenhuma guerra imposta pelo exterior teria levado ao mesmo resultado.

O Direito Internacional, as leis da guerra e o princípio da neutralidade não são invenções da esquerda. Foi formado na experiência e criando tradição a partir do complicado relacionamento entre as Nações europeias. E isso inclui a não ingerência externa (que Napoleão quis também pôr em causa a bem de uma Nova Europa) a não ser em caso de perigo eminente para a soberania.

Lamento afirmá-lo, mas existe muito de espírito jacobino nesta "movida", esquecido que quem quer fazer o bem acaba muitas vezes no meio de um grande mal e o Iraque parece para aí caminhar.

A democracia não é um direito absoluto, nem sequer um bem absoluto em si, é apenas um meio, um processo de decisão colectivo. Pode ser adequado ou não, num determinado contexto e tempo próprio. Foi assim, no Chile como em Portugal, em Espanha, nas Filipinas, na Indonésia. Como o foi com Saddam na sua guerra apoiada pelos EUA, contra o Irão. Cabe aos povos cuidarem do seu regime. Cabe aos próprios saberem se estão dispostos a morrer, a sofrer destruição do património e pôr em causa de forma abrupta a estabilidade da sua sociedade, a bem de uma mudança.

Na Europa, também muitos lutaram pelo fim das monarquias a bem da Razão e a Grande Guerra assim permitiu a sua queda (acabou o trabalho começado por Napoleão). O que obtiveram foram repúblicas fascistas e comunistas.

No Médio Oriente parece que só vão parar quando tiverem a totalidade dos 600 milhões apontados à nossa garganta mas a bem de estarem ocupados (Afeganistão, Iraque, fala-se na Síria, Irão e Arábia Saudita, conversa que está mais amena porque o Império tem custos elevados) para a imposição da democracia pela força militar (e ao mesmo tempo fazer os favores estratégicos de um pequenina Nação lá do sítio).

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