domingo, 22 de janeiro de 2006

A bomba de Chirac e a França "humilhada, frustrada e sem destino"

Mais Vasco Pulido Valente:

Culturalmente, a França desapareceu. Da antiga “grandeza” caiu de repente para o melancólico estatuto de uma província insignificante e barata, para reformados de países ricos. Como potência, também não conta. Perdeu a guerra e o império. A vanglória “gaullista” não lhe serviu de nada. Na “Europa”, pesa muito menos do que já pesou e, como de costume, continua economicamente atrás da Alemanha e da Inglaterra. Pior ainda: a tão falada “universalidade” política francesa, que se fundava na suposta natureza “libertadora” da revolução, perdeu qualquer sentido com o colapso da URSS e o revisionismo histórico recente. Os carros que arderam há meses de norte a sul foram o símbolo da morte inescapável dessa “ideia da França” ou, se quiserem, dessa ilusão francesa. A bomba de Chirac vem de uma nova França, humilhada, frustrada e sem destino. E a fraqueza ameaça. Como o desespero.


(via Da Literatura)

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