quinta-feira, 25 de março de 2004

As encíclicas papais, liberais?!

Se as encíclicas papais apoiam o sistema da economia de mercado, então também as soluções social-democratas as "apoiam". É a mesma ilusão óptica que permite a alguns dizer que Keynes, arranjando uma terceira via entre o mercado e o socialismo, "salvou o capitalismo". O que os papas vêm dizendo desde o século XIX é que o liberalismo e o socialismo estão ambos errados e são "excessos", extremos, em relação aos quais pretendem definir um ponto de suposto equilíbrio que atribui ao Estado muitas das funções que os socialistas que desistiram da revolução (Bernstein e companhia) lhe atribuíram também. Essa tem sido a história do magistério papal e episcopal da Igreja Católica, que nenhuma conversão de Lew Rockwell ou outro libertário ilustre pode obscurecer. O Acton Institute? Bom, nem tudo é impecavelmente liberal nessas paragens, precisamente pela influência esmagadora do "pensamento social(ista) católico". De qualquer modo, que influência tem esse instituto junto da hierarquia ou das estruturas de leigos que fazem a opinião e o magistério católicos? Absolutamente nenhuma! Vejam-se os documentos redigidos pelas comissões Justiça e Paz, autênticos cozinhados de socialismo e sacristia... Quem conhece a história do catolicismo nos dois últimos séculos não consegue vislumbrar, da parte de papas e bispos (que detêm o magistério) nenhum rasgo de liberalismo. Não basta defendermos a propriedade privada para não sermos socialistas - se assim fosse, hoje dificilmente encontraríamos socialistas...

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