Diz no Público "Zeev Sternhell, professor do departamento de Ciência Política da Universidade Hebraica de Jerusalém, presença frequente nas páginas de opinião do diário "Ha'aretz", combateu em quatro guerras de Israel e continua a bater-se pela paz com os palestinianos. "
Pelo contrário. A única solução estável de longo prazo é uma negociação entre as duas partes, livre de pressões, apoios, ou reprovações. É um excesso de apoio acrítico (e de sustentação financeira) a uma parte, que tem levado ao adiamento da necessidade de negociação. E só a necessidade cria o engenho. A insistência no desmantelamento total do "terrorismo" como pré-condição é irrealista, e em questões comlexas, não ser realista é fatal quando não prova alguma intenção menos clara. Pelas suas palavras: "O problema é que os palestinianos não têm meios para controlar o Hamas e os bombistas suicidas. Não o podem fazer a não ser que estejam prontos para uma guerra civil. Mas para que a Autoridade Palestiniana entrasse nisso, tinham de receber alguma coisa, alguma coisa que valesse realmente a pena. Uma guerra civil numa sociedade como a nossa não seria agradável. Mas numa sociedade como a palestiniana, sob ocupação, seria um desastre".
Quanto ao resto da entrevista:
"Neste momento, os colonos estão determinados a resistir. A ameaça de guerra civil é muito grande", afirmou ao PÚBLICO. Quanto ao Executivo de Ariel Sharon, "o único que ainda pode fazer alguma coisa" em relação aos colonatos judaicos em território palestiniano, "o plano é retirar de Gaza para resolver mais facilmente a questão na Cisjordânia".
Mas avisa:
"Os colonatos estão assim "a cumprir o seu objectivo histórico", tendo criado "um ponto de não retorno, em que é impossível desmantelar não só as colónias mas tudo o que se relaciona com elas, as estradas, por exemplo".
"Não houve um único dia desde os Acordos de Oslo que os colonatos não tenham crescido. E neste momento, gastamos duas vezes e meia mais em cada colono do que em cada israelita que viva dentro da Linha Verde." Por tudo isto, Sternhell advoga que Israel terá de trocar território "provavelmente no (deserto do) Negev" para ficar com alguns colonatos, como o de Ariel.
Sobre as "Acções de Sharon e o anti-semitismo "
"Não há dúvida" de que há uma relação entre o aumento do anti-semitismo na Europa e as acções do actual Governo israelita, considera Zeev Sternhell, que dedicou boa parte da sua vida académica a estudar o fascismo. "Claro que o anti-semitismo faz parte já da cultura europeia", considera. "Mas o que acontece hoje nos territórios ajuda muito ao sentimento anti-semita. Principalmente porque a ocupação nos trouxe comportamentos que nos eram estranhos há alguns anos." Por exemplo? "Lembro-me de há cerca de dez anos como um rapaz palestiniano foi morto a tiro. O caso fez estalar um debate enorme. Como podia aquilo ter acontecido? Hoje quando morre um rapaz palestiniano já não se vêem nem duas linhas no jornal."
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