quinta-feira, 11 de março de 2004

Haiti e José Manuel Fernandes

E aí temos a opinião do nosso NeoCon wolfitziano português sobre "O Futuro do Haiti"

Começa por dar a perspectiva histórica da sua independência da França e salta directamente para 1994 e mais uma intervenção humanitária instigada pelos NeoCons pro-Clinton (sim, foi no seu reinado de bombardeamentos de fabricas de aspirinas aqui, pontes e embaixadas ali para o apoio aos freddom fighters separatistas muçulmanos albaneses acolá, que conseguiram convencer esquerda e direita sobre a bondade de uma Nova Ordem Mundial e a exportação da democracia pela ocupação militar) a favor da democracia.

Fica por saber se em 1994 o Haiti não tinha ficado melhor com o golpe militar que tinha deposto Aristides. Afinal, foi isso que fizeram agora os Franceses e Americanos. Portanto, não tinha sido melhor terem ficado quietos em primeiro lugar?

JMF pelo caminho esqueceu-se de mais um das grandes dávidas de um dos seus heróis americanos: o anti-monárquico Woodrow Wilson que veio à Europa meter-se onde não devia, e literalmente deixando-a civilizacionalmente destruída, à mercê do fascismo e comunismo e uma Segunda Guerra Mundial adiada (pelo caminho, o seu comportamento pessoal era bem pior do que o foi o de Clinton - sendo alegado que depois de ter prometido o não envolvimento nas guerras entre os Impérios Europeus, acaba a fazer exactamente o contrário, diz-se, também pressionado para desviar a atenção dos seus escândalos pessoais):

Ver na minha posta:

"In 1915, Haiti went through one of its periodic eruptions of volcanic violence, when the tyrant Vilbrun Guillaume Sam was overthrown in a revolution, and Wilson intervened to make Haiti safe for democracy – and the New York banks. A 19-year occupation ensued, which even Farnham realized was a brutal and counterproductive injustice."

Depois concluiu:

"Com um mandato das Nações Unidas (que ainda não existe), as tropas francesas e americanas já no terreno são as mais adequadas para conseguir uma transição pacífica que demore todo o tempo que for necessário - no fundo, o tempo que Louverture pediu e o Haiti nunca teve.

PS - Um autocrata eleito não passa por isso a ser um democrata, mesmo quando é negro e conta com o apoio incondicional do "caucus" dos congressistas negros dos Estados Unidos. Por isso as declarações de John Kerry no sentido de que as tropas do seu país deveriam ter ido ao Haiti salvar Aristide em vez de o ajudar a exilar-se foram um péssimo sinal sobre as opções externas do candidato democrata à Casa Branca
"

Primeiro: e então os 19 anos de ocupação americana, não foram tempo suficiente?

E, UAU, que grande conclusão. Se nos últimos 200 anos nunca o foram adequadas, porque serão agora? Porque desta vez temos Wolfitz aos comandos? E quanto ao mau sinal de Kerry? O pior de Kerry é achar que se intervir noutra direcção está a fazer algo de certo. Mas o certo é não fazer nada em favor de ninguém.

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