segunda-feira, 1 de março de 2004

As pérolas de Pearl

1. "O 11 de Setembro era inevitável. Foi o resultado de anos e anos em que não respondemos a actos de terror [como os ataques a embaixadas dos EUA em Dar-es-Salam e Nairobi ou ao navio 'USS Cole'], que encorajaram os terroristas a actos cada vez mais ambiciosos."

Arranjar inimigos ao tomar parte em todos conflitos locais que se dão pelo mundo fora, tornam inevitável que civis americanos sofram pela visão de que os impostos pagos para a defesa nacional servem para exportar valores, mudar regimes, fazer o bem, acabar com o mal, etc.

2. "Temos de repensar a ONU. Se não for reformada, temos de pôr a hipótese de a abandonar."

Apoiado.

3. "A Carta da ONU falha ao não reconhecer o direito de ataques preventivos contra estados que patrocinam o terrorismo. A ONU nem consegue definir o que é terrorismo."

Preventivo como foi a do Iraque? Definição de terrorismo: matar civis para conseguir um qualquer objectivo político: seja independência, sejam disputas territorais, sejam mudanças de regime, sejam actos de punição, etc...e será que estar fardado anula automáticamente a classificação de terrorismo?

4. "A CIA tem muitos peritos em russo e poucos em árabe. O seu director já lá está há muito tempo, já teve tempo para corrigir estes erros. Deve afastar-se."

As culpas são dos outros.

5. Mas é contra o Departamento de Estado (equivalente a Ministério dos Negócios Estrangeiros, chefiado por Colin Powell) que Perle mais dirige a sua fúria: "Não está à altura de nos defender. Os diplomatas são demasiado orientados para compromissos e apaziguamento. Não compreeendem as ameaças que enfrentamos. Quando [o líder líbio Muammaar] Kadhafi apareceu com uma bandeira branca, não foi porque um diplomata o tenha convencido, mas porque ele viu o que aconteceu a Saddam Hussein."

Kadhafi já muito antes do 11/9 e do Iraque que tentava uma aproximação.

6. No Iraque, Perle mostra-se muito mais confiante. Acha que a transição de poder para os iraquianos agendada para Julho vai resultar, e propõe um modelo de governação: uma estrutura federal, "com estados definidos por critérios geográficos e não étnicos - seria um erro grave ter estados étnicos".

Excepto se for um Estado Judaico. Cujo exemplo deve ser seguido por muitas outras comunidades. É um das grandes virtualidades de Israel e um legado importante. Provavelmente devia ser aplicado também no Iraque. Se calhar, de uma forma ou outra é o que vai acontecer.

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